terça-feira, 8 de junho de 2010

Representante do MEC defende construção de mais escolas quilombolas

Por Murilo Moura

“Eu quero poder sair deste encontro com a certeza de que muitas melhorias virão” estas foram as palavras confiantes da professora quilombola Patricia Guimarães, presente no 1º Encontro Estadual de Educação Quilombola, que encerra nesta terça-feira, 08, no Prque dos Igarapés, no Coqueiro.


Durante a tarde desta segunda feira, (07), a plenária discutiu a implantação de novas políticas para as comunidades quilombolas do Pará. O encontro, tem como objetivo promover a integração das comunidades quilombolas do estado do Pará visando o fortalecimento da luta pela educação pública e de qualidade por meio de experiências educacionais que promovam a igualdade racial, com ênfase nas experiências de combate ao racismo e a discriminação no ambiente escolar e extra escolar, além de discutir assuntos como saúde, educação e segurança. Em sua defesa o professor Dr. da Universidade Federal do Pará, Ailton Silva, propôs a criação de uma ferramenta para a divulgação dos trabalhos que estão sendo feitos pelas comunidades. “Seria bom a criação de um site para que os trabalhos fossem apresentados, além de possibilitar o acesso dos quilombolas à ferramenta", disse.

Durante o debate o assessor especial de gabinete da Seduc, Wilson Barroso, defendeu a questão de que o governo está totalmente aberto para receber críticas e ideias referentes à política de educação quilombola. Para ele, “críticas devem ser aceitas, pois o fato de estar no governo não significa ser detentor de toda a verdade. Deve-se ouvir os movimentos sociais”, disse. Ele ainda lembrou que, a Seduc investiu na formação de centenas professores quilombolas ou que trabalham em escolas nos quilombos, nos últimos anos.

Para Amilton Barreto, coordenador da Educação para Igualdade Racial, da Seduc, apesar das várias políticas de implantação de qualidade na educação, "as comunidades quilombolas ainda precisam de uma atenção maior”, observou. Segundo informou a maioria das comunidades funcionam com infraestrutura inadequada, sem prédios e sem material didático adequado e até mesmo com carência de formação específica dos professores não quilombolas. Amilton destaca também que a Seduc “é pioneira na promoção de um evento desta dimensão, pois possibilita a discussão coletiva e a apresentação de resoluções de tais problemas”, disse. Para ele a SEDUC “sai na frente com este encontro pois acaba promovendo o fortalecimento e elevação do nível de qualidade do ensino”, destacou.

A coordenadora geral de Educação para a Diversidade do MEC, Leonor Araújo, debateu dois pontos importantes com a comunidade presente: um com relação à questão da distribuição do material didático, pois ainda existem algumas comunidades que deixam de receber. As pessoas tem que fiscalizar a distribuição deste material, tem que cobrar, pois para o Ministério da Educação é quase impossível checar se todas as comunidades receberam ou não”, constatou.

Outro ponto defendido por Leonor foi referente à construção de novas escolas, para atender todas as comunidades. Ela ressaltou que a carência deste tipo de escola causa um gasto maior para os governos e até mesmo a própria evasão. “Com mais escolas poderíamos evitar gastos com transportes, locomoção e assim, evitaríamos o trabalho desde cedo das crianças e adolescentes, que acabam saindo da escola, por ser longe”, avaliou.

Patrícia Guimarães é professora quilombola da escola São Pedro, no Quilombo Bom Jardim, no município de Santarém, no Baixo Amazonas. Ela conta que veio à capital somente para participar do encontro, pela importância e pelos benefícios que poderá levar à sua comunidade. “Estamos procurando melhorar sempre, mas precisamos de uma atenção maior na área de transporte e formação, pois muitas vezes nós mesmos temos que custear isso.” E completa: “quero sair daqui com a certeza de soluções concretas”.

Professora quilombola Patrícia Guimarães


Nenhum comentário:

Postar um comentário