terça-feira, 1 de junho de 2010

Paralisação aumenta risco de evasão na Rede estadual

Murilo Moura e Mari Chiba

Uma das preocupações da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) com relação à paralisação de 40% das escolas da Rede, que completou nesta segunda-feira, (31), 16 dias é com o aumento da evasão que começa a atingir as escolas segundo os números apresentado pelos gestores das Unidades Seduc na Escola e Unidades Regionais de Ensino. Em reunião hoje, pela manhã, a gestora da 14ª USE, Maria de Belém falou que já recebeu mais de 20 pedidos de transferências nos últimos dias. Já o gestor da 8ª USE, Sérgio Monteiro informou que na escola estadual Hilda Vieira, "possivelmente cerca de 12 turmas terão que ser encerradas".

Um outra preocupação do secretário, professor Luis Cavalcante é com a reposição integral dos dias parados. Essa também tem sido a maior preocupação por parte dos alunos. Mesmo com 60% das escolas funcionando normalmente em todo o Estado, o atraso no calendário letivo deixou muitos estudantes com as atividades escolares interrompidas.

A proposta de reposição das aulas defendida pelo Sindicato- estendendo o horário em cada turno- não agrada nem aos profissionais de educação e nem aos alunos, pois segundo eles “este horário a mais na rotina diária, prejudicaria outras atividades”.

Na primeira greve que enfrentou a escola estadual Carlos Guimarães ficou apenas uma semana parada. De acordo com a diretora , Luiza Cristina, a reposição de aulas jamais deve se estender nos turnos, devido a realização de outras atividades. “Não dá pra aumentar o horário, pois o aluno da tarde que sai as 18h teria que sair no mínimo as 19h e pra muita gente isso fica inviável, pois tem gente que trabalha”, ponderou.

A escola teve suas atividades retomadas nesta segunda -feira, 31.Ainda de acordo com a diretora a questão da paralisação foi apresentada aos pais dos alunos, mas mesmo assim houve uma preocupação em relação a eles. “Aqui na Carlos Guimarães pensamos principalmente nos alunos; já o movimento não está pensando como vai ficar o ano letivo dos estudantes” explicou a diretora. Para ela, a melhor forma de repor as aulas seria “esticar” o calendário letivo em mais dez dias, pegando a primeira semana de julho”, defendeu.

Cristiano Alves, 17, estudante da quarta etapa do Projeto EJA (Educação de Jovens a adultos), participa de atividades esportivas durante a manhã, freqüenta a escola no turno na tarde e à noite trabalha como chapista. Ele também não concorda com a proposta de turno estendido, pois como trabalha de noite, não conseguiria chegar a tempo no local de trabalho. “ Eu saio da escola às 18h, tenho que ir em casa e depois estar às 19h no carro de lanche; se eu sair as 19h, não daria para conciliar e eu preciso trabalhar”, disse.

Já Vitor Luan, 17, também aluno da quarta etapa do EJA, sugere que as aulas sejam repostas aos sábados, pois como ele trabalha à noite como entregador de água e gás não conseguiria chegar a tempo no serviço.

Na escola Lauro Sodré a aluna Ingrid Oliveira, 15 anos, do 2º ano também é contra se estender os turnos de aula. “Acho que o pessoal da tarde não poderia ficar até mais tarde. Eu queria que voltassem logo as aulas porque a gente se atrapalha muito. No ano passado foi a mesma coisa”, reclama a aluna. Opinião compartilhada pela colega Beatriz Oliveira, 16 anos, 2º ano do Ensino Médio. “Eles fizeram greve no ano passado. Na reposição, as últimas matérias foram muito rápidas. Seria até bom se as aulas fossem repostas logo, mas a gente faz cursinho à tarde. Quando tiver a reposição, eu vou querer o conteúdo todo dessas disciplinas”, exigiu.

Na escola estadual Maroja Neto, no bairro da Pedreira, as aulas estão ocorrendo parcialmente, mas segundo o diretor, Adilson Cordeiro, a melhor solução para a reposição das aulas também seria estender o calendário letivo. “ Ano passado já tentamos fazer isso aos sábados, mas os alunos não vinham, então os professores sugeriram que virão trabalhar 10 dias de julho”, informou.

Para a professora Maria do Carmo Tocantins, que leciona na Escola Maroja Neto, a reposição é de extrema importância, pois a paralisação mexeu com o conteúdo dos alunos. “Acho extremamente necessário a reposição, pois a partir do momento em que há greve tem que se repor, pois o ensino fica defasado e os alunos não têm culpa de nada”, ressaltou. Maria lembra ainda que, com a extensão dos turno os maiores prejudicados serão os alunos do turno da noite. “Uma turma que sai as 22h30, teria que sair depois das 23h30 e não seria positivo pra eles, pois este horário já é perigoso estar nas ruas”.

A professora defende que os critérios para a reposição das aulas devem ser usados para todos os turnos. Ela garante que continua indo a escola não por ser contra as reivindicações, mas por uma questão de compromisso com os alunos. “ Eu estou vindo por uma questão de consciência, pois sabemos que com esta greve a evasão escolar aumenta; é impressionante a quantidade de alunos que abandonam a escola e não queremos isso, por este motivo estou vindo trabalhar normalmente” explicou.

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